Finalmente, o Lanterna Verde mais polêmico dos quadrinhos chegou ao Brasil

Por Luciano Segura, professor do Intergraus Vestibulares

Criado com bastante cuidado, o Lanterna Verde que assumiu sua homossexualidade tornou-se uma das personagens mais polêmicas do mundo dos super-heróis. Para evitar fortes críticas, escolheu-se uma personagem de uma Terra alternativa, num universo paralelo, a Terra 2. Além disso, nada de escandaloso de fato ocorreu nas páginas da revista – um beijo e só.

Leitores brasileiros, entretanto, viram da atitude do Lanterna uma afronta. Inconformados, lançaram uma rajada de tweets contra James Robinson, quadrinista responsável pela personagem. Segundo Robinson, exatamente dos brasileiros vieram os piores ataques — piores até do que os recebidos nos EUA.

A situação permite, no mínimo, dois comentários. O primeiro diz respeito à imagem do país e sua verdadeira personalidade. Aqui, onde a Parada do Orgulho Gay acontece todos os anos, parece ser o lugar ideal para uma sociedade desenvolvida, culturalmente evoluída — ao menos o bastante para que a diversidade (palavra da moda) seja respeitada. Nada mais errado: sob o véu da liberdade e da tolerância se escondem grupos radicais que praticam atos de violência contra negros, mendigos, índios, homossexuais, mulheres e quaisquer minorias que se tornem alvo do irracional ódio desses indivíduos. A sociedade reage assustada, vez por outra.

A segunda questão envolve a pura e simples liberdade de expressão, tão defendida e tão pouco compreendida. O fato de haver uma personagem que assuma sua homossexualidade talvez possa ser entendido como reflexo da sociedade atual, afinal os quadrinhos sempre estiveram com um pezinho na realidade. Capitão América lutou contra os nazistas, Colossus fugiu de um regime comunista opressor. Lanterna Verde reflete o pensamento de uma sociedade que passa gradualmente a aceitar o homossexualismo.

Ao menos deveria ser isso. Certamente, as manifestações agressivas de alguns internautas não devem representar o pensamento da maioria da sociedade, mas obviamente indicam que o preconceito está longe de desaparecer.

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