A urgência da energia

Cesar Veronese, Professor do CPV Vestibulares

Referência mundial em festivais de cinema, a cidade de São Paulo ganhou há poucos anos mais uma mostra, a ECOFALANTE – MOSTRA DE CINEMA AMBIENTAL. Por causa da Copa, o calendário foi antecipado e a mostra está acontecendo nesta semana (de 20 a 30.03.14), em sua terceira edição.

Tímida quando começou, ela já conquistou o público e as salas da Reserva Cultural e do Cine Livraria Cultura estiveram lotadas no fim de semana. São cerca de 60 documentários inéditos no país e organizados por temáticas: campo, cidades, economia, energia, povos e lugares, água…

O bloco voltado para a energia é particularmente interessante. Como todos sabemos, a economia mundial se organizou há um século em torno do petróleo e, em que pese o disparate, como se ele fosse uma fonte barata e ilimitada de energia. Essa utopia começou a ser desmentida com a primeira crise do petróleo em 1973. Hoje, os números são ainda mais alarmantes: há algumas décadas o custo de energia para retirar 100 barris de petróleo era de um barril; hoje, gasta-se o equivalente a um barril de petróleo em energia para se retirar apenas três barris.

Nesse contexto, somado às significativas alterações climáticas enfrentadas pela Terra, a energia limpa é uma necessidade das mais urgentes. A energia nuclear é uma das suas fontes. Mas acidentes como os de Chernobyl (calcula-se que 40% das terras cultiváveis da Europa estão sob o efeito da radiação da usina russa, cujo acidente aconteceu há 25 anos) e o de Fukushima, tornam essa alternativa altamente discutível. Sobram então as energias solar, eólica, geotérmica, oceanotérmica, maremotriz…

Essas formas de energia, no entanto, necessitam de equipamentes para alimentá-las, os quais, por sua vez, exigem a exploração de outros recursos naturais. O mais importante desses recursos é o lítio, usado em baterias que alimentam outros tipos de energia. E a Bolívia e o Afeganistão são os dois países com os maiores depósitos desse elemento. Estima-se que a Bolívia sozinha detenha mais de 50% das reservas mundiais. Ocorre que o lítio não existe como um elemento puro; ele aparece em meio a outras formações, como as salinas. O processo para separá-lo é sofisticado e caro. E aí entram em cena as grandes mineradoras, as multinacionais e os interesses geopolíticos dos Estados Unidos. Lembremos que descobertas pouco veiculadas na grande mídia apontam enormes jazidas de lítio, nióbio, coltan e ouro (mais do que todo o ouro da África do Sul) no Afeganistão!

Entre os filmes do ECOFALANTE, um dos destaques é A REVOLUÇÃO DO LÍTIO, que será exibido nesta quinta-feira (27.03.14) na Reserva Cultural, às 17h30. Um dos diretores do filme, Andreas Pichler, estará presente para debater com o público.

O ECOFALANTE acontece em sete cinemas da região da Paulista e do Centro e todas as sessões são gratuitas. A programação completa e os respectivos horários estão disponíveis no site oficial do ECOFALANTE: http://www.ecofalante.org,br/mostra/programação/index

Para ler outros textos do Prof. Veronese, acesse blog CPV (link Dicas Culturais do Verô).

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