A alta do dólar e os impactos nas empresas e na sociedade brasileira.

Oswaldo Pelaes Filho

Estamos presenciando, mais uma vez no Brasil, uma expressiva alta do dólar no mercado, essa alta é decorrente da alta de juros no mercado americano, pois com taxas mais atrativas e baixo risco nos Estados Unidos, os investidores preferem aplicar seus recursos no mercado americano e para tanto resgatam aplicações no mercado brasileiro pressionando a cotação da moeda americana. Deve-se ter em mente que a instabilidade econômica e política no Brasil, principalmente em função da indefinição do resultado eleitoral que se avizinha, são efeitos que também desanimam os investidores no nosso mercado e acarretam a alta da moeda americana. 
A variação cambial, principalmente a alta do dólar, não gera impacto apenas para as pessoas com viagens marcadas para o exterior. A alto do dólar tem impacto em muitos setores da economia, produtos importados sofrem o efeito da variação cambial. Todos os preços de insumos importados são afetados, o que gera aumento do custo de produção das empresas instaladas em nosso país. 
As commodities internacionais vinculadas ao dólar são afetadas, o preço do pãozinho que utiliza o trigo, a indústria farmacêutica que tem grande parte de suas matérias primas oriundas do mercado externo, os preços dos combustíveis que transportam a grande maioria das mercadorias no Brasil sofrem com esse resultado cambial. 
A redução das receitas, o aumento dos custos e despesas geram a redução do lucro das empresas, reduzindo a capacidade de investimento das mesmas e acarretando a redução da empregabilidade em vários setores da economia. 
A variação cambial também impacta a taxa básica de juros – Selic (Sistema Especial de Liquidação e Custódia) usada para precificar os títulos públicos e referência para as demais taxas da economia. A Selic foi mantida em 6,5% aa na última reunião do COPOM (Comitê de Política Monetária), realizada em 18 de setembro de 2018. A manutenção da taxa indica que o COPOM acredita que a meta da inflação de 4,25% com limite inferior de 3% e superior de 6% será atingida pelo governo. Apesar da manutenção da Selic o Banco Central acredita que o cenário tenha piorado nos últimos meses e que seria necessário aumentar a taxa nas próximas reuniões. 
A elevação das taxas cambiais pressiona a inflação para cima, uma vez que os preços dos produtos, insumos e serviços importados sofrem reajustes em uma eventual alta da taxa do dólar. Os integrantes do COPOM, afirmaram na última reunião que “a intensidade do repasse de movimentos no câmbio para a inflação depende de vários fatores” e que acompanharão futuras medidas de repasse cambial. 
Enquanto a maioria do país sofre com os efeitos nocivos da alta do dólar, as empresas exportadoras se beneficiam, pois os produtos brasileiros vendidos no mercado externo tem seus preços reduzidos e portanto mais competitivos, além disso as empresas realizam suas receitas em dólar, aumento a sua lucratividade. Outra oportunidade com a alta do dólar se refere à mudança do comportamento dos importadores brasileiros, que poderão optar por produtos nacionais aquecendo a economia brasileira. 
Finalmente o mercado de turismo brasileiro pode se beneficiar pois a desvalorização do Real atrai turistas estrangeiros que consomem e injetam recursos na economia, melhorando as condições de vida das regiões turísticas brasileiras.

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