O Estrategista e a vontade de ouvir – I

Por George Bedinelli Rossi

Grandes Impérios como a Pérsia antiga, algumas cidades gregas como Atenas e Esparta, Macedônia, Roma e o Império Mongol, dentre vários outros, apresentam muitas similaridades com grandes empresas modernas como IBM, Ford, Intel, Honda e Toyota, apenas para citar algumas. Esses Impérios apresentavam características comuns como grande expansão territorial, clara organização hierárquica, códigos de conduta claramente definidos, estrutura de trabalho e divisão de tarefas baseada em competências e habilidades de seus soldados. A divisão de trabalho por competências e habilidades pode ser observada na infantaria, cavalaria e artilharia que tinham soldados especializados em cada uma dessas armas.

Outro fator comum a esses impérios foi a busca frenética e constante por inovações tecnológicas e organizacionais. Nas tecnológicas tem-se o escudo hoplita (dos gregos) que formou a base de sua formação militar e permitiu enfrentarem os Persas. O aperfeiçoamento do uso da lança por Felipe II (rei da Macedónia e pai de Alexandre, o Grande) criou a famosa falange macedónica que servia de apoio a sua mais importante arma: a cavalaria. Os romanos com suas legiões, uma cópia aperfeiçoada e melhorada da falange de Felipe II, foi uma inovação organizacional, pois, a tecnologia de armamentos já existia; de fato, a força das Legiões romanas era sua organização. E, os mongóis com seu terrível arco e a habilidade de usá-lo com o cavalo em movimento foi ao mesmo tempo uma inovação tecnológica (o arco) e organizacional, pois, hordas de cavaleiros juntos ao lançarem rapidamente suas flechas destroçavam os inimigos. Sim, já havia a especialização do trabalho nessa época, pois, cada soldado, cavaleiro, arqueiro era um especialista em suas funções e, tão importante quanto, já se copiava o que o outro fazia e buscava-se o aperfeiçoamento tal qual vemos nas empresas modernas.

Observe as empresas modernas. Tal qual esses impérios, as grandes empresas objetivam maior participação de mercado que significa expansão territorial que é ter mais recursos (ou mercados) que seus concorrentes. Também, os altos investimentos em pesquisa e desenvolvimento em tecnologias e produtos é considerado um fator critico ao sucesso empresarial. A especialização do trabalho como as áreas de engenharias, finanças e de comercialização e comunicação são atividades realizadas por especialistas. Note que estas especializações decorrem do avanço tecnológico tal qual nos impérios antigos e mais importante, a divisão do trabalho tem por base tecnologias especificas.

Nos impérios, havia a infantaria com base em tecnologias de metal e madeira formando espadas e lanças. A cavalaria com os cavalos, selas de montaria e uma das mais importantes invenções: o estribo para o cavaleiro poder fixar-se na montaria enquanto lutava com espada ou atirava as flexas com seus arcos. Repare que na empresa moderna, as divisões do trabalho tem por base a tecnologia usada.

Há um outro fator comum aos impérios e grandes empresas que explicam o sucesso em ambos os casos: A função do líder, ou melhor do chefe maior. Nos impérios, os grandes generais estavam juntos com seus soldados no campo de batalha. Ou seja, as tropas seguiam e confiavam naqueles que conjuntamente iam às batalhas. Colocavam-se, assim, em risco juntamente com suas tropas. Nada pediam que não pudessem fazer. Isto é, os sacrifícios que pediam aos seus subordinados eles também faziam como Alexandre o Grande fez ao final de sua campanha contra a Índia. Neste caso, as tropas estavam sem água para beber e Alexandre gravemente enfermo ao receber agua de seus generais disse: “Somente beberei agua após todos os meus soldados terem saciado sua sede”. Esta decisão juntamente com várias outras, fazia Alexandre ser adorado por seus subordinados. Outros grandes generais da História faziam o mesmo. Genghis Khan (O grande mar) lutava, cavalgava e sacrificava-se juntos com suas tropas.

Também, nos impérios antigos era norma que todos compartilhassem dos sucessos das campanhas militares. Havia uma divisão dos espólios em razão da hierarquia, mas, mais importante, aqueles que mais se destacavam nas batalhas recebiam os maiores prêmios e honrarias. Em suma, o lucro era repartido com todos e a base era o desempenho em batalha ou no mérito.

As modernas empresas de sucesso, muitas, têm o mesmo principio: Compartilham o lucro com seus funcionários, mas, o mais importante é que os de maior desempenho recebem mais em forma de bónus, ações da empresa ou outros benefícios.

(continua na próxima segunda-feira, dia 17 de dezembro)

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