O Estrategista e a lógica do escudo – que não é só defesa da empresa

Por George Bedinelli Rossi

Caro leitor, muito se tem escrito acerca de estratégias empresariais com base nas de Guerra. Isso pode ser notado pelo uso de certos termos como Guerra de preços e de propaganda, conquista de Mercado, estratégias de ataque e de defesa sem contar o uso de alguns livros como a Arte da Guerra e “On War” dentre inúmeros outros.

Podemos, também, analisar as estratégias das cidades gregas da antiguidade cuja força era o guerreiro hoplita (tinha esse nome devido ao escudo que carregava: o hóplon) observando as pinturas dessa época. A ilustração acima nos fornece grande riqueza de informações acerca das estratégias usadas pelas cidades gregas da antiguidade: (1) o escudo aparece em destaque porque era a arma principal da infantaria hoplita; (2) em segundo plano aparece a lança cujo comprimento variava entre 3 a 6 mt, porque era a 2a arma mais importante e, por fim, a (3) espada ainda na bainha porque era a arma menos importante.

O escudo era a principal arma porque defendia o soldado à esquerda de quem o portava e isto implicava formação em linha que era verdadeira força da infantaria. Nesta formação cada soldado defendia com seu escudo quem estava a sua esquerda formando, assim, uma barreira impenetrável. Tamanha era a importância do escudo que as mulheres espartanas diziam a seus maridos: Espartano, volte com seu escudo ou sobre ele! Sobre o escudo significava que o guerreiro havia morrido em batalha. Voltar sem o escudo significa que você abandonou seus colegas no campo de batalha deixando desprotegido quem confiava em sua proteção.

Assim, o escudo ao proteger o guerreiro à esquerda permite que este ataque o inimigo com sua lança. Nota-se, aqui, um princípio básico da estratégia: A defesa antecede o ataque! Somente ataque após ter estabelecido uma boa defesa. Assim, a formulação estratégica depende de como os recursos são empregados e a sequência de como são usados. Em estratégia empresarial diz-se que a competência central da empresa leva ao produto central. A Honda tem sua competência central em mecânica levando ao seu produto central que é o motor e com isto cria automóveis, motos, cortadores de grama, jetski e outros mais.

Para o Hoplita a competência central é a formação em linha com base no escudo, a defesa; a lança, o ataque apoiado por sólida defesa: o escudo; e, por fim, a espada que era usada em situações extremas após a lança ter-se partido ou a formação em linha ter sido rompida.

Mas, voltando ao escudo, a lança e a espada em comparação com a estratégia de algumas empresas como a Honda e a Mitsubishi dentre outras. Observe a estratégia de produtos desta última no setor automobilístico no Brasil. O principal produto foi a “Pajero Ful” seguida pela “Sport”. Depois lançam a “TR4”, defendida pelos modelos anteriores. Estes três modelos formam uma defesa (um escudo) que permite a esta empresa atacar outros segmentos de mercado com modelos diferentes e menores como a “Air track” e o “Lancer”, mas, só depois de garantirem uma boa defesa que servirá para atacar estes segmentos de mercado.

Repare como esses produtos estão concatenados em torno das “Pajeros” que formam a base de ataque, mas, é somente após garantirem a liderança nos segmentos de carros grandes que partem para o ataque nos segmentos de carros de menor porte. A Nissan faz a mesma coisa ao ter a “Pathfinder” e depois lança o March

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